Estava comunicando à minha família sobre meu chamado e
minhas tias, interessadas, me perguntavam sobre como eu falava com Deus e como
eu sabia que era ele mesmo falando e que era isso mesmo que ele queria para
mim.
Comecei contando das confirmações que Ele me deu sobre o
assunto.
Contei de uma vez que, ao saber que viajaria pelo mundo todo
em missões, confessei a Deus que estava com medo, pois não me agradava muito a
idéia de ir à padaria sozinha, quanto mais a outros países.
E, mesmo sem ter contado sobre isso a ninguém, Deus usou uma
de minhas amigas para me dizer que eu não estaria só, pois Ele estaria comigo e
me daria amigos em muitos lugares e um ano depois isto começou a acontecer. Eu
tinha amigos até na Ucrânia.
Fiquei surpresa pela expressão confiante que o olhar delas
continha e pelo apoio que elas me davam, pois não eram evangélicas e
seria compreensível que elas não concordassem com isso logo de cara. Mas o que
mais me surpreendeu foi justamente a minha tia evangélica que interrompeu o momento
dizendo: “Só tem um pequeno problema... Missionários não têm medo e se você tem
acho que tem que ver isso ai direito.”
A desconfiança no tom de voz dela me machucou muito e apesar
de conhecer muitos missionários e ter conhecimento de seus medos e dúvidas,
sabendo que isto é normal, eu estava realmente ferida com aquilo. Não era a
primeira vez que eu ouvia algo assim.
Já era noite e resolvi não pensar mais nisso e dormir. Assim
eu esqueceria. Mas quando acordei aquilo ainda me incomodava e comecei a contar
pra Deus sobre como estava me sentindo e então Ele me consolou do jeito que só
Ele sabe fazer:
“Não se preocupe. Eu entendo você. Eu tive medo também!
Você se lembra do Getsêmani? Eu suei sangue de tanta
angústia. E você deve se lembrar das minhas palavras: ‘Se possível for, passe
esse cálice de mim’, mas sabe qual era a diferença entre o meu medo e a
covardia? Eu disse: ‘mas que seja feito conforme a tua vontade’ e é essa a
diferença que eu encontro em você.
Não se incomode pelo que os outros venham a pensar. O que eu
penso é que você é igual a mim. Temeu, mas seu coração está totalmente disposto
a deixar seus medos pra trás e cumprir a minha vontade. E se não há erro no meu medo, não há erro no seu também. E se você age
como eu, é porque tem andado comigo e se eu sou por você quem é contra você?”
Meu semblante caído deu lugar a uma expressão muito mais
alegre por saber o quanto Deus se importa com o que sentimos e o quanto Ele
valoriza cada pequeno esforço que fazemos por cumprir sua vontade.
Perdoei as palavras da minha tia e aprendi que não há nada de errado em temer desde que
nossos medos não tomem o lugar da disposição em fazer aquilo que Deus nos manda
fazer e que Deus é a nossa referência e o primeiro a quem devemos ouvir,
pois os pensamentos dEle sobre nós são mais importantes do que qualquer coisa
que os outros possam pensar.
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